A privação do sono é uma situação comum, que ocorre
quando não dormimos o suficiente. Desenvolve-se, também, em curtos períodos de
tempo, o que denominamos privação parcial do sono. A quantidade de sono ideal
varia de pessoa para pessoa, porém, em média, a maioria dos adultos necessita de
sete a oito horas de sono a cada noite, a fim de sentirem-se descansados e
alertas no decorrer do dia seguinte. Jovens podem necessitar de nove horas ou
mais de sono, dependendo da idade.
O principal efeito da privação do sono é a sonolência excessiva diurna. Situações entediantes e monótonas levam a pessoa a cochilar e dormir, acarretando prejuízo na vida cotidiana e, sobretudo, no trabalho. A privação grave do sono pode expor a pessoa a situações de risco à própria vida e de outros, como nos acidentes de trânsito. Há várias outras implicações. Manifestações como humor deprimido, irritabilidade, desmotivação, ansiedade, vigilância diminuída, prejuízo da cognição, diminuição de reflexos, menor concentração, fadiga, cansaço, esquecimento e distração, podem ocorrer.
Para explicar sobre o tema, o blog Glamour e Felicidade entrevistou Dr. Bruno Bernardo Duarte (CRM 113.370), Otorrinolaringologista, Responsável
pelo Ambulatório de Ronco e Apneia do Sono do Serviço de Otorrinolaringologia do
Hospital da PUC-Campinas e Especialista em Medicina do Sono pela Associação
Médica Brasileira e Associação Brasileira de Sono, sendo Doutorando pelo Hospital
das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.
Como o estresse afeta a qualidade do sono?
O estresse afeta a qualidade do sono de diversas formas, sempre na direção de
prejudicar sua qualidade. O estresse emocional agudo ou crônico pode levar a um
estado de ansiedade. A ansiedade é um estado que pode levar à dificuldade de
dormir, apesar do indivíduo estar com sono (propensão ao sono), que é denominado
insônia. A insônia pode ser inicial, ou seja, dificuldade para pegar no sono,
mas, ao entrar no sono, tende-se a dormir horas adequadas. São aqueles
momentos em que o indivíduo fica várias horas na cama sem conseguir adormecer.
Ao mesmo tempo, o estresse emocional, principalmente crônico, pode levar a um
estado de depressão, que, por sua vez, pode levar a uma insônia. Esta insônia
pode ser inicial, como nos casos de ansiedade, mas geralmente é terminal. A
insônia terminal é caracterizada pelo indivíduo conseguir pegar no sono e
despertar antes da hora desejada, no meio da madrugada, e não conseguir dormir
mais, apesar da propensão ao sono.Além disso, o estresse pode levar ao consumo excessivo de álcool, drogas e medicações ansiolíticas que interferem na quantidade e na qualidade do sono.
Para finalizar, a quantidade e qualidade de sono reduzidas levam a uma privação de sono, ou seja, dormir menos horas que a necessidade individual. Esta privação do sono tem diversas consequências e sintomas, como por exemplo a irritabilidade. Esta irritabilidade pode acentuar os quadros de estresse. Ou seja, cria-se um ciclo vicioso prejudicial ao indivíduo.
Quais doenças afetam a qualidade do sono?Existe uma gama muito grande de doenças propriamente do sono, que prejudicam o processo de dormir, e doenças que secundariamente afetam o sono. As doenças do sono podem ser Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono, Roncos, Movimentação periódica de pernas durante o sono, Pesadelos, Sonambulismo, Bruxismo, Insônias, Hiperssonolência, e diversas outras. Cada uma com sua característica peculiar de ocorrer durante a noite de sono. Entretanto, diversas outras doenças podem interferir secundariamente no sono, causando conseqüências importantes. É importante salientar que, nestes casos, a doença de base deve ser tratada prioritariamente, porque seu tratamento pode recuperar a qualidade do sono por consequência. Exemplos são diversos, tais como: Doença de Parkinson, Mal de Alzheimer, Distúrbios Psiquiátricos Diversos, Abuso de Substâncias Ilícitas, Obesidade, entre outras.
Quais são os diferentes tipos de medicamentos usados para induzir o sono e seus modos de ação e efeitos colaterais?
As medicações que têm a função de induzir ao sono evoluíram bastante nos últimos anos e DEVEM ser prescritas por MÉDICOS que sabem tratar doenças do SONO.
A classe dos benzodiazepínicos, como por exemplo, diazepam, alprazolam, clonazepam e outros, são medicamentos com ótimo efeito para induzir o sono, porém, possuem característica de causar dependência, que é a capacidade de causar crise de abstinência, e tolerância, que é a necessidade de periodicamente aumentar a dose para causar o mesmo efeito. Além disso, eles possuem outras funções além de induzir o sono, como diminuição da ansiedade e relaxamento muscular.
Os hipnóticos não benzodiazepínicos, como o zolpidem, possuem apenas o efeito de indução do sono, sem apresentar dependência química e tolerância. É a classe de medicamentos mais prescrita para indução do sono no mundo, porém é importante salientar, que devem ser prescritos com rígido controle e necessidade, por um profissional capacitado.
Existem diversas outras classes de medicamentos, que possuem efeitos diversos, como fitoterápicos e antidepressivos.
A prática de atividade física pode melhorar a qualidade do sono? Em caso positivo, quais favorecem e quais podem desfavorecer.
Já está
comprovado que a realização de atividade física diária melhora a qualidade do
sono em todas as faixas etárias. Não há estudos que demonstram com propriedade
científica diferenças entre as diversas modalidades esportivas. O que já se é
sabido há um bom tempo é que a atividade física realizada próximo da hora de
dormir (até 1h30min) prejudica a qualidade do sono, geralmente levando a
um quadro de insônia inicial por causa da liberação de hormônios estimulantes da
vigília liberados durante o exercício.
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