Saúde – Unir Inteligência Artificial e Medicina Nuclear no Diagnóstico e Tratamento do Câncer
O futuro da área da saúde passa inevitavelmente pelo uso da inteligência artificial. Cada vez mais, a possibilidade de facilitar processos, identificar e processar informações se faz presente na rotina médica. Na vanguarda dessas perspectivas, Profa. Dra. Elba Etchebehere (CRM 75508 – SP) começou, em janeiro de 2020, a utilizar a inteligência artificial para auxiliar na avaliação da carga metabólica de câncer em todo o corpo no exame de PET/CT.
Essa é uma iniciativa importante na Medicina Nuclear Brasileira e pode ter um impacto direto no tratamento dos pacientes com câncer. A aplicação da inteligência artificial é feita via software – desenvolvido pela Siemens Healthineers – e é completamente automatizada.
A medida da carga metabólica de câncer em todo o corpo proporciona ao especialista outro nível de informação para indicar, por exemplo, condutas e terapias mais individualizadas. “O futuro da medicina personalizada no tratamento do câncer certamente passará pelo uso da inteligência artificial”, afirma a Dra. Elba, que é médica nuclear, Professora Livre-Docente da UNICAMP e sócia-diretora do Grupo MND, de Campinas.
Para efeito de comparação, uma mesma análise de carga metabólica do câncer em todo o corpo, realizada no exame de PET/CT, que é feita em segundos pelo programa ou software de Inteligência Artificial, poderia levar até uma hora para ser feita pela forma realizada hoje, chamada de análise semiautomática. “Essa análise semiautomática leva muito tempo e por isto não é realizada de rotina no Brasil e na maior parte do mundo. Além do mais, a análise semiautomática tem uma maior margem de erro em razão da complexidade para delinear todo o volume de câncer”, finaliza.
Confira mais informações sobre a tecnologia nesta rápida entrevista com a Dra. Elba:
Os testes com o uso desta nova tecnologia no Brasil estão sendo conduzidos em qual instituição?
A validação clínica foi feita na Clínica MND Campinas, entre os meses de janeiro e junho de 2020. Essa validação pode ser realizada comparando-se tal tecnologia com o que já existe validado. A medida da carga metabólica do câncer em todo o corpo usando a ferramenta semiquantitativa foi validada anteriormente por um projeto liderado pela Dra. Mariana Camacho, médica da equipe da MND Campinas em 102 PET/CT oncológicos.
A Unidade de Pesquisa e Colaboração Clínica da Siemens Healthineers (EUA), juntamente com o Departamento de Medicina Nuclear, o Cells in Motion Cluster of Excellence e o Instituto Europeu de Imagem Molecular, ambos da Universidade de Münster, na Alemanha, desenvolveram e aplicaram a tecnologia da Inteligência Artificial para exames de FDG PET/CT5.
Pode explicar o que é o exame de PET/CT?
O PET/CT (Tomografia por Emissão de Pósitrons/Tomografia Computadorizada), é um método diagnóstico considerado um dos principais avanços da Medicina Nuclear. Nesse tipo de exame, os médicos nucleares usam substâncias radioativas para facilitar a visualização de tecidos ou células doentes e saudáveis. Para cada órgão ou doença, uma substância específica é injetada no paciente intravenosamente. Essa substância é conhecida como radiofármaco e tem a função de alcançar o órgão ou região que precisa ser examinada. Ao analisar as imagens geradas pelo exame PET/CT no computador, o médico nuclear consegue visualizar com precisão o funcionamento do organismo, assim como focos de doenças.
Pode traduzir para leigos o que quer dizer: “A medida da carga metabólica do câncer no organismo”?
Trata-se da carga de metabolismo do tumor, ou seja, a quantidade e volume de tumor espalhado no corpo do paciente. Por exemplo, um paciente pode apresentar uma lesão de câncer muito grande e, em termos de tamanho, é classificada clinicamente com um perfil de pior prognóstico. Entretanto, o paciente pode ter várias pequenas lesões que, ao se somarem, acabam por equivaler ao primeiro caso, e colocam esse paciente em um prognóstico tão ruim quanto o primeiro. Essa informação só será sabida medindo-se a carga metabólica tumoral de todo o corpo. Medir o metabolismo é muito mais preciso e lógico do que simplesmente identificar a localização e o tamanho da lesão por isso a necessidade da ferramenta de inteligência artificial. É o futuro da medicina nuclear.
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