Há algumas décadas, ali existia
um terreno baldio, habitado por ratos e outras pragas urbanas. Pessoas teimavam
em jogar lixo naquele lugar e outros entulhos, como tábuas e vasos sanitários. Uma
visão que entristecia os moradores que residiam em casas simples, sem pintura
ou portão de alumínio, numa rua de terra batida e um pouco de cascalho.

Um certo dia - não lembro exatamente
qual – aquele terreno ganhou a visita de funcionários da Prefeitura, enviados
pela Secretaria de Áreas Verdes ou qualquer outro nome parecido. E o que os
moradores menos esperavam aconteceu: sumiu a imundície e nasceu uma praça. Era
pequena. Pouco mais de 250m², mas quem se importava com o tamanho? Arrancaram
os matos, plantaram mudas de árvores, cercaram com muros baixos de pedra e construíram
bancos nos três lados da pracinha. O terreno era meio triangular, mas quem se
importava com o formato?
Naquela praça as árvores
cresceram. Sei bem que existe um abacateiro, que eu reconheço pelo formato das
folhas e frutos. Especialista em plantas que eu não sou, vejo outras pequenas
árvores de menor porte e moitas. De vez em quando, a administração regional
envia funcionários para carpir e podar – muito raramente, diga-se de passagem.
Quem até hoje mantém aquela praça um pouco mais ajeitada é o Sr. Valdir, um aposentado que mora nas redondezas. O dono do bar
logo em frente gosta de dar milho às pombas que povoam a região. Toda manhã lá
está ele em sua missão, cercado de aves famintas. Cães abandonados fazem sua morada
naquele pedacinho de chão e contam com a boa vontade dos moradores. Alguém lançou
sementes de abóbora e, agora, ramas se esparramam pelo solo e flores alaranjadas
são vistas entre o verde.
As pessoas passam por ali de cabeça
baixa e olham para qualquer lado, menos na direção da praça e de seus
ocupantes. Receio de encarar a realidade e de verem ali uma vizinha ou um filho?
Os policiais também transitam na região. Param suas viaturas, revistam,
prendem, mas até agora não conseguiram fazer uma nova limpeza naquele terreno.
Só torcemos para que a situação mude e que possamos ver aquela diminuta praça florescer algum dia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário