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Saúde da Mulher |
Conduzido
por endocrinologistas, estudo mostra relação com componente genético.
Coordenado por grupo de endocrinologistas de
São Paulo, estudo investigou as causas genéticas da Síndrome dos Ovários
Policísticos (SOP). A pesquisa identificou o DLK1 como um gene que faz o
elo entre a SOP e a resistência à insulina.
Já está demonstrado que o componente genético
responde por cerca de 75% das causas da SOP. Porém, os genes implicados na
patogênese são poucos conhecidos. “Resolvemos fazer esse estudo para descobrir
os mecanismos destas doenças e mesmo potenciais alvos terapêuticos. O achado
foi uma alteração danosa no gene do DLK1, revelando que as pacientes com
deficiência desse gene tinham menstruação precoce, obesidade, diabetes,
dislipidemia (colesterol anormalmente elevado ou
aparecimento de gorduras no sangue) e Síndrome dos Ovários Policísticos
com maior frequência, sugerindo que o DLK1 é um fator que afeta o eixo
reprodutivo e metabólico”, conta a Dra. Larissa Garcia Gomes (CRM-SP 102980), diretora
da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Regional São Paulo
(SBEM-SP), especialista que conduziu a pesquisa.
Para chegar a este resultado, cerca de 200
mulheres com síndrome dos ovários policísticos vêm sendo triadas desde 2018.
Delas, 40 pacientes já foram selecionadas até o momento. “A triagem é realizada
no ambulatório do Hospital das Clínicas para avaliar se a paciente realmente
tem esse diagnóstico, se tem histórico familiar, pois este fato aumenta a
chance de encontrar causas genéticas. Avaliamos também se tem ou teve algumas
das condições, como diabetes antes dos 30 anos de idade, puberdade precoce, não
apresentou menstruação espontânea, dentre outras. Ainda estamos em fase de
recrutamento. Por isso, quem tiver interesse em participar dos estudos
desenvolvidos pelo nosso grupo, pode entrar em contato pelo sop.endocrino.hcfmusp@gmail.com”, informou a
endocrinologista.
Diabetes x SOP
A Síndrome dos Ovários Policísticos é uma
doença complexa, que envolve aumento da produção de testosterona pelos ovários
levando ao quadro clínico de hirsutismo (crescimento
indesejado de pelos com padrão masculino no rosto, no peito e nas costas de uma
mulher), alteração na produção do hormônio folículo
estimulante (FSH) e do hormônio luteinizante (LH)
pela hipófise resultando em anovulação (clinicamente a mulher tem
irregularidade menstrual), e a presença de resistência insulínica, que leva à
maior presença de insulina no sangue. O quadro de resistência insulínica por
sua vez piora o hirsutismo e é um forte marcador de risco de diabetes. Essas
manifestações clínicas se apresentam de forma relativa, com determinados
achados se manifestando com maior intensidade. Por outro lado, o gene do DLK1
produz uma proteína de mesmo nome produzida tanto no tecido adiposo quanto no
hipotálamo, região reguladora da hipófise e eixo reprodutivo. Logo, a
perspectiva dos pesquisadores é, a partir de agora, entender como o gene DLK1
faz essa conexão entre tecido adiposo e hipotálamo.
“As pesquisas básicas são apenas o começo,
sendo infindáveis as perguntas que persistem e nos motivam a continuar pensando
diariamente, a fim de oferecer um tratamento mais assertivo e individualizado
às nossas pacientes. Faz sentido que o tratamento ideal seja baseado na
reposição de DLK1. Isso já foi demonstrado em modelos animais com sucesso.
Porém, não temos perspectivas ainda para nossos pacientes de uma forma eficaz
de combater a deficiência do DLK1. O tratamento atual visa, principalmente,
tratar as complicações metabólicas inerentes à deficiência do DLK1, dentre elas,
obesidade, diabetes, estratos hepática e síndrome dos ovários policísticos”,
expõe a endocrinologista.
O que se observa é que os principais
progressos nesta pesquisa, até o momento, estão ligados aos avanços
relacionados à Síndrome dos Ovários Policísticos que visam compreender as
diversas causas da síndrome, “pois entendemos que a apresentação clínica da
síndrome é o resultado de múltiplas causas genéticas, epigenéticas e ambientais
que se manifestam de forma semelhante. Visamos também encontrar marcadores que
possam determinar maior ou menor risco de desenvolver complicações metabólicas,
como diabetes e obesidade. Esses achados nos permitirão fazer
tratamentos mais precisos a depender da causa”, conclui a Dra. Larissa Garcia
Gomes.
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