Saiba quais são os riscos da inseminação artificial caseira

Saiba quais são os riscos da inseminação artificial caseira

Especialista em reprodução assistida explica como a prática pode prejudicar o sonho da maternidade


A inseminação artificial caseira já é uma realidade preocupante para especialistas no assunto. O método vem ganhando muitos adeptos e reunindo grupos de pessoas que apresentam algum tipo de infertilidade, como mulheres que querem engravidar de forma independente e casais homoafetivos femininos, que necessitam de espermatozoide para uma gestação. Atualmente, o maior ponto de encontro para a troca de informações são as redes sociais e pesquisas pela internet.

Esse procedimento feito de forma totalmente insegura e sem respaldo de um médico ou profissional, consiste em utilizar o sêmen doado ou comprado no mercado ilegal (já que no Brasil é proibido todo tipo de comercialização de material biológico humano de acordo com o art. 199 da Constituição Federal de 1988) e injetar na vagina com uma seringa, para que o mesmo chegue até o útero, sem uma relação sexual. Nesses grupos em que há informações sobre esse método, há também a venda de kits para esse tipo de inseminação. A ação geralmente é feita no período fértil e em ambientes domésticos.

especialista em reprodução assistidaMatheus Roque, alerta para os riscos que essa prática pode causar. “Primeiro, a inseminação artificial feita nas clínicas de reprodução assistida é realizada com sêmen do banco de doadores anônimos ou do próprio doador (que apenas pode ser o parceiro), e executada de forma totalmente segura, com acessórios adequados, livre de contaminações e com o respaldo de um médico responsável”, explica o especialista.

Ele  também aponta os  problemas que o procedimento amador pode causar. “Já a inseminação artificial caseira, é feita de forma amadora e insalubre, com acessórios que podem trazer algum tipo contaminação, sendo feita em ambientes domésticos, sem esterilização, sem acompanhamento médico e algo que pode ser ainda mais nocivo: sem saber a procedência do sêmen, o que pode ocasionar doenças sexualmente transmissíveis, como HIV, Hepatites B e C, e outros riscos, que podem afetar tanto a mãe, quanto o bebê – caso a gestação ocorra”, enfatiza.

“Há todo um preparo para a realização de uma inseminação artificial ou intrauterina, como também é conhecida. Avaliamos a qualidade do sêmen do parceiro e realizamos pesquisas e exames, assim como no caso de banco de doadores. Muitas mulheres que desejam realizar inseminação, quando realizamos exames identificamos que a inseminação não é uma forma adequada de tratamento para ela. Assim, a realização da inseminação não teria benefício algum. Estas ações não são feitas nas inseminações caseiras, já que são realizadas de forma amadora”, complementa o médico.

Além disso, fatores externos como a temperatura ambiente modificam a qualidade do sêmen, o que em uma clínica de reprodução não acontece, já que possuem toda a estrutura para fazer esse tipo de procedimento.
“É importante se atentar, pois o sonho da gravidez não pode colocar alguém em risco, como a quantidade de doenças que a inseminação caseira pode causar. É necessário ter todo um preparo psicológico e médico para que a paciente se submeta a esse procedimento. Saúde e profissionalismo, sempre têm que ser os pilares para qualquer decisão, principalmente quando envolve uma nova vida”, ressalta Roque.
Código de ética

Os riscos da inseminação artificial caseira não atingem apenas a saúde da mãe e do bebê, mas também acabam infringindo as leis.

Na maioria dos casos, esse procedimento é realizado com o intuito da mulher saber quem é o doador do sêmen, porém  essa ação não é permitida no país. O Conselho Federal de Medicina determina que a doação de gametas (espermatozoides e óvulos) deve ser anônima e sem trocas financeiras entre doador e receptor, fatos que não têm como ser fiscalizados em uma inseminação caseira.

“Essa determinação preza ressaltar que as doações de gametas sejam realizadas de forma voluntária e altruísta. Quando o procedimento é prudente e seguro, todos os envolvidos saem ganhando’’, finaliza Matheus Roque.

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