Essas informações são respaldas por dados científicos! Compostos naturais da pele
de amendoim podem auxiliar na prevenção do diabetes e da obesidade. Esse é o
resultado de um estudo desenvolvido no Programa de Pós-graduação em Ciência e
Tecnologia dos Alimentos, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz
(USP/ESALQ), pelo cientista de
alimentos Adriano Costa de Camargo. O trabalho resultou em uma tese de doutorado, que segue a
linha de estudos recentes e demonstra que subprodutos da indústria processadora
de amendoim e uva podem ser ricos em compostos bioativos. Não vou mais tirar a pele quando comer o amendoim, com certeza! (eu já não tirava mesmo).
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Amedoim com pele |
“O que acontece é que esses
compostos neutralizam a ação de radicais livres a partir da sua função
antioxidante. Os radicais livres causam danos no DNA, que podem levar a
modificações genéticas e progredir para um câncer, por exemplo”, explica Adriano. Além disso, continua, “os radicais livres também causam
danos no LDL-colesterol humano (colesterol ruim), o que desencadeia processos
inflamatórios e a formação de placas nas artérias, o que pode prejudicar e até
impedir o fluxo sanguíneo até o coração, podendo levar a um infarto”, diz
Adriano, que atualmente é pesquisador como pós-doutorando na Universidade
Estadual de Londrina (UEL).
No caso da pele do amendoim,
Adriano explica que, quando ingerimos alimentos que contém carboidratos
(açúcares) e lipídeos (gorduras), é necessário que haja quebra dessas moléculas
gerando outras moléculas menores, que podem ser absorvidas e utilizadas pelo nosso
organismo. “Essa quebra ocorre a partir da ação de enzimas (que podemos
comparar a tesourinhas). Os compostos presentes na pele do amendoim se ligam a
essas enzimas e é como se impedíssemos completamente ou parcialmente essas
"tesourinhas" de fechar e "cortar ou quebrar" os açúcares e
as gorduras. Neste caso, a diminuição da absorção de açúcares e gorduras pode
ser benéfica para o gerenciamento e prevenção do diabetes e da obesidade,
respectivamente”, complementa.
A pesquisa foi orientada
pela professora Marisa Aparecida Regitano d’Arce, do Departamento de
Agroindústria, Alimentos e Nutrição da ESALQ, e pelo professor Fereidoon
Shahidi, do Departamento de Bioquímica da Memorial University of Newfoundland,
no Canadá, onde Adriano realizou parte da pesquisa com apoio do Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), via programa
Ciências Sem Fronteiras e Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de
São Paulo).

Outra ação comprovada em
laboratório foi a atividade antimicrobiana. “Testamos os compostos extraídos do
amendoim e da sua pele em nove bactérias e houve inibição do crescimento
bacteriano em todas elas. O teste foi feito comparando-se com o antibiótico
comercial Ampicilina. Esses compostos podem vir a ser utilizados como fontes de
compostos antimicrobianos naturais, que podem auxiliar na prevenção de doenças
de origem bacteriana”, diz o pesquisador, que para esta pesquisa teve a
colaboração do grupo chefiado pelo professor Anderson de Souza Sant'Ana, da
Faculdade de Engenharia de Alimentos da Universidade Estadual de Campinas
(Unicamp).
Aplicação – Assim como já é feita com a comercialização de farinha de
semente de uva e farinha de casca de uva, Adriano acredita que a pele de
amendoim poderá ser utilizada de forma "isolada" e estar disponível à
população em um futuro próximo. Esse produto entraria na categoria dos
nutracêuticos, que apresentam maior valor agregado para indústria quando
comparado ao alimento de origem e mesmo em relação ao alimento com alegações
funcionais.
Ainda no mestrado, com
orientação da professora Solange Guidolin Canniatti Brazaca, Adriano já havia
trabalhado no desenvolvimento de cookies adicionados de pele de amendoim, com
formulação modificada para atender padrões tecnológicos para a indústria e sensoriais,
focados na aceitação do consumidor final. O autor lembra que os cookies
obtiveram aceitação em testes com humanos, apresentaram maior quantidade de
compostos antioxidantes, maior teor de fibras e maior retenção da umidade, este
último parâmetro conferindo uma característica de produto fresco por mais
tempo.
“Do ponto de vista
econômico, esses achados também podem contribuir para o incremento nos negócios
na agroindústria do amendoim, uma vez que a pele do amendoim, removida no
processamento industrial, é um subproduto ou resíduo agroindustrial, não sendo
atualmente destinado à alimentação humana.”