
Acordar cedo e enfrentar
o ar frio das madrugadas nunca foi uma dificuldade. Apreciava andar sozinho
pelas vias ainda anoitecidas. Os vira-latas lhe faziam companhia no trajeto. Uma
das suas passageiras mais antigas, a Dona Amélia, fizera questão de dar-lhe um
bolo de fubá de presente em sua despedida. Toda semana, ela ia toda faceira à reunião do grupo da terceira idade, para se exercitar e dançar. Quanta
energia num corpo já envelhecido.
Talvez pudesse ir lá também.
Quem sabe? Era viúvo, ainda dava um caldo e precisaria ocupar o seu tempo
ocioso. Jogar dominó na praça? Só se voltasse para Sorocaba. Lá ainda tinha este
passatempo. No seu bairro, as praças eram abandonadas à própria sorte e sujeira.
Encontrar como seguir adiante era o seu novo desafio! “Preciso ter a vida que
sempre sonhei para quando envelhecesse, só não lembro quais são os meus sonhos”.
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