Este artigo foi escrito pelo médico Dr. *Assumpto Iaconelli Junior
Miomas são
tumores benignos que têm origem nas células musculares do útero.
Independentemente do tipo ou localização, eles estão associados a uma redução de
15% nos índices de gravidez; a uma redução de 30% nas taxas de nascidos vivos; e
a um aumento de 67% nas taxas de aborto. Cerca de um terço das mulheres em idade
reprodutiva terá de lidar com o problema – que pode estar relacionado à
infertilidade. Mas, em apenas 1% a 3% dos casos ele é o único responsável, já
que quase nunca se trata de um problema isolado. Por isso, nem sempre a simples
remoção do mioma (miomectomia) é um passaporte para a gravidez.
Geralmente, o
mioma está associado a outros problemas que impactam a gravidez, como a
endometriose, por exemplo, que está presente em quase metade dessas pacientes.
Diante de um quadro de infertilidade associada a um mioma uterino, é importante
rastrear outros fatores associados. A boa notícia é que a fertilização in vitro
com transferência de embriões não sofre impacto por conta de afecções da pelve,
alcançando bons resultados. No entanto, é fundamental uma cavidade uterina bem
preservada - o que é possível avaliar com rigor através de uma histeroscopia. Já
a retirada cirúrgica do mioma nem sempre é necessária. A miomectomia deve ser
indicada apenas quando os tumores obstruírem as tubas uterinas, forem muito
grandes, ou ainda quando oferecerem algum risco na hora do
parto.
Uma gravidez
após a retirada do mioma exige um pré-natal rigoroso. Em casos mais graves,
quando a cirurgia representa um risco maior e, portanto, é uma opção a ser bem
analisada e discutida, pode-se considerar a vitrificação de oócitos ou o
congelamento de embriões para eventual programa de cessão temporária do útero.
Tratamentos não-cirúrgicos disponíveis hoje em dia também devem ser considerados
caso a caso. Evidências apontam que o intervalo entre a extração do mioma (ou
miomas) e a concepção não deva ser superior a doze meses - já que nesse período
as taxas de sucesso da fertilização são maiores.
O ponto crítico
é estabelecer quais miomas interferem negativamente na fertilidade para poder
indicar o tratamento adequado - sempre tendo em vista os resultados e possíveis
complicações. Pacientes com miomas submucosos ou intramucosos maiores que sete
centímetros de diâmetro parecem se beneficiar com a miomectomia, principalmente
quando realizamos a cirurgia um ano antes da concepção. Nos demais casos, ainda
mais quando os miomas são pequenos ou subserosos, vale a pena discutir todas as
possibilidades e seus desdobramentos antes de eleger uma opção de
tratamento.
*Assumpto
Iaconelli Junior é médico ginecologista, especialista em Medicina
Reprodutiva, diretor do Grupo Fertility – www.fertility.com.br
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