No dia em que o vi pela primeira
vez, ele estava na Avenida Faria Lima, em Pinheiros, por volta das 18h15 de
uma segunda-feira de outono. O céu escurecia e as luzes das ruas estavam acesas,
trazendo uma outra luminosidade ao caminho dos transeuntes. Com cerca de 1,72,
o homem se vestia todo de preto: calça de sarja, camiseta, sapatos e um blazer
de veludo. Uma bolsa estilo carteiro pendurada no ombro. Andava apressadamente,
até que parou no farol para esperar a liberação da sua passagem.
Inquieto, olhou o relógio. Provavelmente, estava atrasado para algum
compromisso naquela noite. Será que ia encontrar alguma mulher ou estava preocupado
apenas com o horário do ônibus?
Parei bem perto dele naquela esquina.
Senti um cheiro intenso de perfume masculino – notas verdes e refrescantes. Uma
fragrância que agradou ao meu olfato. Mas, nem deu tempo de aproveitar aquele aroma.
O sinal fechou para os carros e ele saiu rapidamente. Dizer que o perdi de vista
na multidão é um lugar comum. Mas, foi isso mesmo que aconteceu. Minhas pernas
curtas – sou baixinha – e o salto me impediam de acelerar o passo.
Eu estava a caminho de um curso
nas redondezas, que começaria naquele dia, numa escola há poucos quarteirões na
rua Teodoro Sampaio. Estava ansiosa e, em pouco tempo, a lembrança daquele
homem desapareceu da minha mente.
Cheguei 10 minutos antes ao local
da aula. Mas, para minha surpresa, o meu homem de preto estava lá. O destino
estava nos aproximando? Vai saber! Na realidade, o rapaz participaria de outro
curso no local. Teríamos uma semana convivendo no mesmo espaço. Abri um sorriso diante
dos fatos e aguardei. Cada um foi para sua sala e naquela noite não mais cruzei
com ele pelos corredores.
No dia seguinte, às 19h30 eu já estava
na escola quando ele chegou depois de mim. Para minha surpresa, novamente
vestido de preto mas, desta vez, sem o blazer. A peça tinha dado lugar a uma
camisa de algodão. Era magro, pele levemente morena, cabelos castanhos claros.
Cansada, eu só pensava em me sentar.
Apesar disso, tive tempo de sorrir para
o desconhecido, que balançou a cabeça de volta e disse um boa noite. Como a
escola era pequena, o intervalo para o café acontecia em horários diferentes
entre as turmas. Assim, não tive oportunidade de vê-lo mais uma vez. É o que
chamamos de paciência.
A noite de quarta chegou, mas nem
sombra dele pelo local. O que teria acontecido? Interessante como a nossa mente
já começa a fantasiar e a criar histórias. Estaria o desconhecido em algum outro
compromisso inadiável? Estaria tomando uma cerveja em algum bar na Vila
Madalena no happy hour? O certo, é que nunca mais o vi na escola. Fiquei sem
saber seu nome ou qualquer outro detalhe de sua vida. Ele era apenas um homem
de preto, que se evanesceu como uma estrela cadente. Você pensou que nasceria aqui uma história de amor? Que talvez eu tivesse encontrado um galã e provável protagonista da minha versão de 50 tons de cinza?
Então, é melhor já dizer que os personagens desta crônica são ficcionais. Qualquer semelhança com alguém ou um fato real, é mera coincidência. O homem que protagoniza esta narrativa poderia ser encontrado em qualquer esquina, num bar, num banco, no Mc Donald´s da Avenida Paulista ou no metrô. Quem sabe o encontro novamente e dou andamento a esta narrativa com novos capítulos?
Então, é melhor já dizer que os personagens desta crônica são ficcionais. Qualquer semelhança com alguém ou um fato real, é mera coincidência. O homem que protagoniza esta narrativa poderia ser encontrado em qualquer esquina, num bar, num banco, no Mc Donald´s da Avenida Paulista ou no metrô. Quem sabe o encontro novamente e dou andamento a esta narrativa com novos capítulos?
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