Algum tempo depois de iniciar o uso de uma medicação, muitas pessoas se
queixam de ganhar peso. Em geral, isso pode acontecer com quem faz uso de
anticoncepcionais, antidepressivos, corticóides e ansiolíticos. Mas será que
existem formas de prevenir esse tão indesejado efeito colateral?
“O ganho de peso decorrente de medicamentos pode ser devido à retenção
de líquido, lentidão no metabolismo ou aumento no apetite, causado pelos
próprios medicamentos”, explica a endocrinologista Andressa Heimbecher (CRM –
SP 123579).
Segundo a médica, controlar mais de perto a dieta e priorizar a
realização de atividades físicas são as melhores formas de combater o problema.
Ela alerta ainda que é preciso entender como cada medicamento age no organismo
para poder controlar esse ganho de peso.
Os anticoncepcionais, por exemplo – principalmente aqueles de alta
dosagem hormonal – causam retenção hídrica. “Logo que o efeito da medicação
passa, o líquido será eliminado, bem como o peso excedente”, diz.
Em outros casos, não é tão fácil perder o peso adquirido. “O problema se
concentra naqueles medicamentos que causam aumento do apetite ou deixam o
metabolismo mais lento”, enfatiza a especialista. Nesses casos, a pessoa come
mais ou gasta menos energia, o que acarreta um ganho de peso sob forma de massa
de gordura. “E isso não vai desaparecer com o final do tratamento”, alerta Dra.
Andressa.
A endocrinologista aconselha que o paciente peça ao médico a
substituição de um medicamento que gere aumento de peso por outro que não tenha
esse efeito, sempre que possível. “Mas se o uso do medicamento for inevitável,
o mais importante é controlar a dieta mais de perto e de forma mais rígida”,
considera. E ressalta: “exercício físico, também nesses casos, é fundamental.”
Conheça os
medicamentos que podem gerar ganho de peso
1) Antidepressivos
tricíclicos, como amitriptilina e nortriptilina: causam aumento de apetite e,
por consequência, ganho de peso. Já os inibidores de receptação de serotonina
(fluoxetina, por exemplo), não estão associados ao ganho de peso e podem ser
utilizados nos estados ansiosos. A exceção é a paroxetina.
2) Anti-histamínicos como cetirizina ou fexofenadina. Os
anti-histamínicos são componentes de muitas medicações antialérgicas. Alguns
antidepressivos têm efeito anti-histamínico.
3) Medicações antipsicóticas da classe dos anti-sicóticos atípicos, como
olanzapina – usada para esquizofrenia e transtorno bipolar – e risperidona –
usada no tratamento do transtorno bipolar, psicose e transtorno obsessivo
compulsivo. “Muitos também ocasionam aumento de resistência insulínica podendo
levar ao desenvolvimento de diabetes tipo 2”, completa a endocrinologista.
4) Anti-hipertensivos beta-bloqueadores, como atenolol e
metoprolol. Eles aumentam a sensação de fadiga, contribuindo para a inatividade
física e redução do gasto energético.
5) Corticóides: aumentam a retenção hídrica e geram
resistência insulínica. Além disso, são estimuladores do apetite e podem
reduzir a taxa metabólica.
6) Medicamentos para o controle do diabetes, como os da classe das
sulfoniluréias: glibenclamida, glicazida e glimepirida. Aumentam os níveis de
insulina no sangue, ocasionando aumento de apetite e acúmulo de gordura. O uso
de insulina também está associado ao aumento de peso. Outros medicamentos da
classe das glitazonas – pioglitazona e rosiglitazona – geram retenção hídrica e
aumentam o processo de diferenciação das células de estoque de gordura.
7) Estabilizadores de humor: ácido valpróico e o lítio causam aumento de
apetite e, portanto, ganho de peso.
8) Anticoncepcionais de dosagens mais altas são associados ao ganho de peso
por retenção hídrica.
Sobre Andressa Heimbecher
Médica formada pela Universidade Federal do Paraná em 2004, é
especialista pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia. Em
2005, trabalhou na prefeitura de Curitiba (PR), no atendimento a diabéticos,
quando decidiu seguir pela Endocrinologia. Fez Residência Médica em
Endocrinologia e Metabologia pelo Hospital do Servidor Estadual de São Paulo. É
médica colaboradora do Grupo de Obesidade e Síndrome Metabólica do Hospital das
Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), membro
titular da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia e membro
ativo da Endocrine Society.
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